domingo, 8 de janeiro de 2012

S. BERNARDO DE CLARAVAL



Monge místico da Ordem beneditina de Cister, foi o fundador do mosteiro de Clairvaux (Claraval), na fronteira entre a Borgonha e a Champagne, França, e o membro da Igreja mais influente do seu tempo.
Reagindo contra o monaquismo da época, São Bernardo rejeitava o mundo profano, desconfiava da beleza exterior, defendia uma religiosidade fundada na contemplação da beleza da alma, preconizava uma inteligência feita de amor, mais do que de erudição, e criticava a excessiva
riqueza da maioria das comunidades monacais, censurando a ostentação do clero e dos templos e o excesso de rituais. No caso concreto da Ordem beneditina de Cluny, reprovava nos monges o seu amor pelos prazeres terrenos, designadamente pela forma como cultivavam a iconografia patente nos frescos, nos tímpanos e nos capitéis. Por isso, actualizou a antiga condenação das aparências do mundo preconizada por São Bento. Defendendo a humildade e o desprendimento em relação aosbens materiais, bem como a ideia de que a arquitectura religiosa devia reflectir simplicidade e abnegação, impôs um programa «estético» que recusava o excesso nas decorações escultóricas nos conventos, mosteiros e nas igrejas, sustentando a austeridade dos paramentos e dos altares; que privilegiava a recta e o plano em detrimento da curva, supostamente sensual; que impunha a sobriedade do conjunto, sem interferência de peças escultóricas fora do contexto para evitar a dispersão da atenção dos fiéis, a simplicidade e a depuração arquitectónica (nos capitéis, arcos, molduras e frisos) como características dominantes.
A «reforma cisterciense» de São Bernardo preconizou, assim, uma arte quase iconoclasta.
Nos mosteiros que a sua Ordem construiu por toda a Europa está presente uma sobriedade extrema e a exclusão de todo o supérfluo decorativo ou opulência arquitectónica. A interdição da cor significou o desaparecimento dos frescos, e a predominância da pedra à vista em paredes,
pavimentos, portais e janelas, contribuiu para o pretendido ambiente de despojamento, austeridade e severidade.

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