domingo, 22 de janeiro de 2012

ESCULTURA ROMÂNICA


A escultura românica serviu única e exclusivamente a Igreja, sendo utilizada, juntamente com a pintura (á qual esteve sempre ligada), para decorá-las e transmitir os seus ensinamentos aos fiéis, numa época em que a grande maioria da população era analfabeta. Procurava transmitir uma mensagem de eternidade, solenidade, majestade e distanciamento, em relação aos fiéis, persuadindo-os a levarem uma vida simples e afastada dos pecados mortais.
Revelou, desde a arte paleocristã, uma nova expressão formal assim como uma regressão técnica, que se justificava pela valorização da mensagem em detrimento da perícia técnica.

RELEVO
Foi largamente usado para comunicar valores religiosos aos fiéis, contendo implicitamente uma mensagem narrativo-pedagógica e com o fim de orientar a conduta moral dos cristãos: as obras de arte têm pleno direito de existir, pois o seu fim não era ser adoradas pelos fiéis, mas ensinar os ignorantes. O que os doutores podem ler com a sua inteligência nos livros, o vêem os ignorantes com os seus olhos nos quadros e nos relevos - palavras do Papa Gregório Magno (540-604). Os materiais empregues na sua realização foram a pedra, o metal e o marfim. A figura humana era pouco modelada, encontrava-se sempre de frente, possuía pouco realismo anatómico, notado pela desproporção das partes constituintes do corpo humano e uma posição e gestos formais muito rígidos; na composição as personagens eram colocadas em simetria ou em alinhamento rítmico feito pela isocefalia (colocação à mesma altura das cabeças das figuras) e as cenas eram tratadas em poucos planos, sem perspectiva; a temática era essencialmente religiosa, entre o alegórico e o simbólico, relatando histórias bíblicas e cenas da vida do quotidiano. Esta iconografia ocupava locais como colunas, cornijas, cachorradas, frisos, gárgulas, pias baptismais, altares, arcadas de claustros, mas centravam-se principalmente nos capitéis e nos portais; os capitéis tanto eram decorados com relevos (vegetalistas, animalistas, geométricos, etc.) na frente ou apenas num dos lados, como apresentavam um capitel historiado, que relatava em cada uma das faces uma história sequencial (como por exemplo a do ciclo pascal); o medo dos poderes demoníacos e do fim do mundo era tão real quanto a religiosidade nesta época, por isso também outros temas eram explorados nos capitéis, gárgulas e cachorradas: mitos pagãos, cenas do imaginário popular com figuras animalistas (macacos, tigres, grifos, demónios, etc.) ou figuras míticas (com duas cabeças, etc.) ou cenas do bestiário fabuloso (figuras grotescas, bestas); o portal, principal elemento do templo românico, representava o acesso à casa de Deus, ao Paraíso, à protecção e uma lição à espiritualidade, o que explica a especificidade dos temas e da concentração decorativa que apresenta - o tímpano que o encima é o elemento com mais profusão decorativa e apresenta um carácter religioso, pedagógico e estético (o meio era ocupado por Cristo sentado no trono, envolto pela mandorla ou amêndoa mística; à sua volta estão as outras personagens, decrescendo de importância; os portais laterais são decorados com o tema do Agnus Dei (cordeiro de Cristo) e com episódios da vida de santos, circundados por elementos vegetalistas nas arquivoltas; abaixo do tímpano aparece o lintel decorado com figuras da Igreja. Estes relevos utilizavam a técnica do desbate, caracterizado pela pouca profundidade do talhe e pela modelagem naturalista, pormenorizada e expressiva. Eram ainda coloridos dominando o azul (Paraíso), o vermelho (Inferno) e o dourado, o que conferia uma grande vivacidade e maior sentido ilusório que, combinado com a força e ordem da mensagem, facilmente entrava no espírito de todo o cristão.

ESTATUÁRIA

A estatuária ou imagens de vulto redondo, nomeadamente as Virgens românicas, possuíam características semelhantes ás dos relevos, mas apresentavam um cariz mais popular; eram objectos de veneração, concebidos em composições simples e esquemáticas. As figuras eram muito hieráticas, quer na posição quer nos gestos e eram concebidas em função do plano mural onde estavam encostadas; utilizaram materiais como metal precioso, madeira, gesso e pedra estucada e posteriormente policromadas.

1 comentário:

Anónimo disse...
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