quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O ARTISTA ROMÂNTICO

Tem de se retroceder até ao início do século XIX para se assistir ao nascimento e à difusão do Romantismo, lembrando-nos sempre que este termo, como muitos outros da história da arte, é apenas uma definição global que reúne artistas e situações diferentes, mas unidos por uma nova atmosfera cultural, uma nova sensibilidade, um novo panorama da História.
No século XIX, o artista já não tem diante de si um cliente preciso, trabalha para si mesmo, faz obras por sua própria iniciativa, que poderão ou não ser compradas. Começa a época das exposições e da crítica de arte «jornalística»; o público porcura leituras e obras que solicitem a imaginação e a fantasia, discute acerca dos estilos e da moda. É então que os temas tradicionais da pintura - deuses e ninfas, alegorias de conceitos abstractos, cenas bíblicas, episódios da história antiga - são substituídos pelo mundo íntimo do artista, por aquilo que o emociona no presente e no passado histórico, no mito e na natureza que o rodeia, no real e no imaginário, no sonho, no devaneio fantástico.

in Guia de História da Arte, direcção de Sandro Sprocatti, editorial Presença, página 107

Repara que a imagem do artista romântico que nos é proposta pelo texto encaixa bem no estereótipo do artista que actualmente impera no senso comum. O artista é alguém que se exprime através do seu trabalho, revelando visões interiores inspiradas e arrebatadas do mundo que o rodeia, estando mais ou menos indiferente ao que os outros possam pensar relativamente aos objectos que produz

ROMANTISMO II

Em http://www.pitoresco.com.br/art_data/romantismo/index.htm encontras uma sequência de textos curtos (em brasileiro) que fornecem conceitos básicos sobre o movimento. No fundo da página encontras um link "pintores do período" que dá acesso para a ART CYCLOPEDIA (em inglês). Aí podes consultar algumas sequências de imagens de pintores importantes deste período apesar de lacunas evidentes (não são incluídos Goya nem Delacroix, para citar apenas dois exemplos).

ROMANTISMO

Uma nova concepção do Belo

Na concepção neoclássica, como, aliás, noutras épocas, a Beleza é vista como uma qualidade do objecto que percebemos como belo e, por isso, recorre-se a definições clássicas como "unidade na variedade" ou, então, "proporção"e "harmonia" (...) as condições da Beleza residem na forma do objecto.
No século XVIII, porém, começam a impor-se alguns termos como "génio", "gosto", "imaginação" e "sentimento" que nos fazem compreender que se vai formando uma nova concepção do belo.
(...)
O que é belo é definido pelo modo como o apreendemos, analisando a consciência daquele que pronuncia um juízo de gosto. (...) domina a ideia de que o belo é algo que aparece tal como nós o percebemos, que está ligado aos sentidos, ao reconhecimento de um prazer. Do mesmo modo, é em ambientes filosóficos diferentes que avança a ideia do Sublime.
em História da Beleza, direcção de Umberto Eco, páginas 275/77
O Sublime da NaturezaNeste final de Setecentos (...) a ideia de Sublime associa-se antes de mais a uma experiência não ligada à arte, mas à natureza, e nesta experiência priviligiam-se o informe, o doloroso e o tremendo. Ao longo dos séculos, havia-se reconhecido que há coisas que são belas e agradáveis, e coisas ou fenómenos terríveis, espantosos e dolorosos: frequentemente a arte louvada por ter imitado ou representado, de modo belo, o feio, o informe e o terrível, os monstros e o diabo, a morte ou uma tempestade. Na sua Poética, Aristóteles explica precisamente como é que a tragédia, ao representar eventos tremendos, deve produzir piedade e terror no ânimo do espectador. (...) No século XVII, alguns pintores são apreciados pelas suas representações de seres feios, desagradáveis, estropiados e tortos, ou de céus nebulosos e tempestuosos, mas ninguém afirma que um temporal, um mar em tempestade, uma coisa sem forma definida e ameaçadora, possa ser belo por si mesmo.
Neste período, pelo contrário, o universo do prazer estético divide-se em duas províncias, a do Belo e a do Sublime, embora as duas províncias não estejamtotalmente separadas (...) porque a experiência do Sublime adquire muitas das características anteriormente atribuídas à do Belo.
O século XVIII é uma época de viajantes ansiosos por conhecer novas paisagens e novos costumes, não pelo desejo de conquista, como aconteceu nos séculos precedentes, mas para viver novos prazeres e novas emoções. Desta maneira desenvolve-se o gosto pelo exótico, pelo interessante, pelo curioso, pelo diferente e pelo espantoso.